Quantas vezes você já se pegou reagindo de forma exagerada, confusa ou desproporcional em um relacionamento e pensou: “Por que eu fiz isso?”
Talvez você tenha se calado quando queria falar, se distanciado quando precisava de apoio, ou explodido quando, na verdade, só queria ser ouvida.
Esses comportamentos, que parecem aleatórios ou “imaturos”, têm raízes profundas: são expressões de modos de funcionamento emocional que você aprendeu muito antes de saber colocar sentimentos em palavras.
O que são esquemas emocionais?
Durante a infância e adolescência, desenvolvemos esquemas emocionais, os quais são padrões mentais que armazenam nossas primeiras experiências de afeto, dor, pertencimento, abandono e rejeição. Eles funcionam como “filtros invisíveis” que moldam a forma como percebemos o mundo, a nós mesmas e os nossos vínculos.
Esses esquemas são ativados, muitas vezes, de maneira automática. Basta que uma situação atual lembre, mesmo que sutilmente, uma experiência emocional do passado, e aquele botão interno é apertado. É como se, de repente, o adulto que você é hoje deixasse o comando e a criança aflita assumisse o volante.
Os 3 modos de enfrentamento emocional
Quando um esquema é ativado, seu cérebro reage com estratégias emocionais de sobrevivência. Elas não são conscientes, são tentativas aprendidas de evitar dor. As três principais formas de lidar com esses gatilhos são:
Resignação: Você se cala, cede, se adapta. Não porque está em paz, mas porque teme perder o outro. É a pessoa que diz “tudo bem” enquanto engole o próprio não.
Evitação: Você se distancia, racionaliza, muda de assunto. Não porque não sente, mas porque entrar em contato com a emoção parece insuportável. É quem ri para não chorar e diz "não é nada" quando tudo desaba por dentro.
Hipercompensação: Você controla, domina, grita ou impõe. Não porque está forte, mas porque mostrar vulnerabilidade parece perigoso. É a que briga para não ser deixada, endurece para não ser descartada.
Frases adultas com raiz infantil
Às vezes, você se orgulha da sua “maturidade emocional”, mas no fundo, algumas frases que você diz carregam uma dor infantil não elaborada:
“Não quero brigar, então deixo pra lá.” (Resignação)
“Sou tranquila, não remo muito o passado.” (Evitação)
“Comigo é tudo ou nada.” (Hipercompensação)
Essas não são escolhas livres.
São vozes internas que dizem: “Me protege. Me garante. Me vê.”
A transformação começa na consciência
Reconhecer esses modos não é motivo de vergonha.
É um ato de coragem.
Você cresceu, mas muitas vezes continua amando com os mesmos mecanismos que aprendeu para sobreviver lá atrás.
Na psicoterapia, não buscamos apagar essa história, mas trazer luz ao que foi aprendido quando ainda não havia maturidade para compreender o próprio sentimento.
É nesse espaço que você pode construir formas mais conscientes, seguras e adultas de se vincular com o outro e, principalmente, consigo mesma.
Para refletir…
O que te desorganiza emocionalmente hoje?
Em quais momentos você sente que deixa de ser a adulta e vira a criança que só queria ser amada?
Se essas perguntas te tocam, talvez seja hora de conversar sobre elas num espaço terapêutico.
Me escreva. Eu escuto a sua história, mesmo aquela que você ainda não sabe nomear.
Por Daniela Waseda - Psicóloga CRP: 06/85608
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