Muitos casais chegam à terapia esperando que o terapeuta “conserte o outro”. Essa expectativa, embora compreensível, revela uma lógica relacional baseada na culpabilização, não no amadurecimento. Mas a psicoterapia, especialmente a de casal, não é um tribunal. Não estamos para decidir quem tem razão, e sim para ajudar cada um a acessar o próprio campo de responsabilidade e desenvolver novas formas de se comunicar e se vincular.
Terapia não é sobre encontrar culpados. É sobre encontrar consciência.
A transformação nos relacionamentos acontece quando paramos de apontar e começamos a nos perguntar: O que isso diz sobre mim?
Nossos relacionamentos íntimos são o “marco zero da reatividade”. Neles, as feridas inconscientes tendem a aparecer com mais força , assim como, o medo de rejeição, a necessidade de aceitação e a insegurança sobre o próprio valor.
Quanto mais importante é o outro, mais ativado se torna nosso sistema de ameaça-defesa. É por isso que as brigas, mesmo por temas aparentemente banais, às vezes parecem tão intensas: não estamos discutindo apenas sobre tarefas ou mensagens não respondidas, mas sobre a dor de não nos sentirmos amados ou vistos.
O impacto de guardar mágoas e calar incômodos
Muitos aprendem a “engolir sapos” para manter a paz. Mas, no médio e longo prazo, esse silêncio emocional se transforma em ressentimento.
Guardar demais leva à rigidez, ao afastamento e, muitas vezes, à explosão emocional.
A comunicação afetiva não é sobre dizer tudo o que pensa, sem filtros. É sobre aprender a dizer o que sente, sem se atacar ou atacar o outro.
Falar de si, em vez de acusar o outro, reduz a defensividade e convida ao vínculo.
✦ “Você nunca me ouve” → ativa defesa.
✦ “Eu me sinto sozinha quando você não responde” → ativa empatia.
Expressar o incômodo no tempo certo, com clareza e respeito, é um ato de cuidado com o outro e com o vínculo.
O poder do “eu” na linguagem emocional
Substituir frases acusatórias por afirmações em primeira pessoa é uma estratégia simples, mas poderosa.
Ao invés de jogar luz sobre os defeitos do outro, você ilumina o que sente, o que precisa, o que espera. E isso é o que convida à transformação.
A linguagem do “eu” é uma ponte. A do “você” acusatório, um muro.
Terapia não é sobre vencer discussões. É sobre aprender a se ver, se ouvir e se responsabilizar.
Se você sente que está preso em ciclos de mágoas, acusações e silêncios acumulados, talvez seja hora de parar de apontar e começar a se expressar.
A cura começa no ponto onde você escolhe se escutar com compaixão e convida o outro a fazer o mesmo.
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Você não precisa mais se calar pra ser amada.
Por Daniela Waseda – Psicóloga Sistêmica CRP 06/85608
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